quarta-feira, 31 de outubro de 2012

31 de outubro: Dia D... reverenciar Drummond

Em homenagem dia do Poeta, institucionalizado para lembrar o aniversário de nascimento de Drummond, ouça uma edição especial do Livro Aberto, podcast que produzo para o portal Net Educação. No player abaixo, você vai ouvir o "Sentimento do Mundo" de Drummond, embalado pela trilha de Reynaldo Bessa.


(se o player não estiver visível ou quiser baixar o áudio, clique aqui)


Acompanhe também a homenagem que publicamos no ano passado, com trechos da última entrevista do poeta.

Carlos Drummond de Andrade nasceu em um dia 31 de outubro como hoje, em 1902. Por isso, a décima edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty- entre os dias 4 e 8 de julho - foi em homenagem aos cento e dez anos de um dos escritores que tem seu nome associado ao movimento Modernista brasileiro.
O período de formação escolar do mineiro de Itabira foi marcado pela expulsão do Colégio Anchieta, em 1919, em função de um incidente com o professor de Português. O próprio autor declarava que essa saída repentina teve “influência enorme no desenvolvimento dos estudos e de toda a vida” dele. Dizia: “Perdi a Fé. Perdi tempo. E sobretudo perdi a confiança na justiça dos que me julgavam."

Dois anos depois, já em Belo Horizonte, tem os primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas.
Em 1923, matricula-se na Escola de Odontologia e Farmácia. No entanto, após se formar, o profissional fica “apenas na moldura/ do quadro de formatura." É quando começa a transposição do homem para o poeta de corpo e alma.

Em 1925, casa-se com Dolores Dutra de Morais, com quem passa toda a vida. No mesmo ano, na companhia de Martins de Almeida, Emílio Moura e Gregoriano Canedo, funda a publicação modernista A Revista. Ainda em 25, conclui o curso de Farmácia e é escolhido como orador da turma.
Sem interesse pela profissão para a qual havia se dedicado nos estudos, leciona geografia e português no Ginásio Sul-Americano de Itabira. Mas logo retorna a Belo Horizonte como redator e assume o posto de redator-chefe no Diário de Minas.

Em 1928, publica na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema "No meio do caminho", que provoca furor no meio literário.

No mesmo ano, nasce a filha Maria Julieta. Ainda por essa época, torna-se auxiliar da Revista do Ensino, da Secretaria de Educação.  Deixa o Diário de Minas e passa a redator do jornal Minas Gerais, veículo oficial do estado.

O primeiro livro, Alguma poesia, é lançado em 1930.

Quatro anos depois, publica Brejo das Almas. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde assume cargo no gabinete de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde.

Em 1940, faz uma tiragem de 150 exemplares da publicação Sentimento do Mundo. Distribui o novo livro entre amigos e escritores.

A atividade literária extrapola as publicações. Mantém na revista Euclides, a seção Conversa de Livraria e colabora no suplemento literário de A Manhã.

Em 42, a Editora José Olympio é a primeira a custear a publicação de livros de Drummond. É o ano em que é lançado o livro Poesias.

 Em 45, são publicados A rosa do povo e O gerente. Conciliando as atividades de funcionário público com a de jornalista, colabora no suplemento literário do Correio da Manhã e na Folha Carioca.

Os anos 50 foram marcados pela publicação de obras importantes, como Claro enigma, Viola de bolso, “Fazendeiro do ar & Poesia até agora” e Fala, amendoeira. Em 1962 aposenta-se do funcionalismo público. Em seguida, recebe os prêmios da União Brasileira de Escritores e do Pen Club do Brasil por Lição de Coisas.  

Deixa o Correio da Manhã, em 1969, e passa a colaborar no Jornal do Brasil. É quando se torna referência no jornalismo brasileiro.
 
Um novo impulso à obra de Drummond vem em 1984, quando assina contrato com a Editora Record, após quatro décadas de José Olympio. Inaugura esta nova fase com Boca de luar e Corpo.

 Após 64 anos dedicados ao jornalismo, encerra carreira de cronista regular.

 Em 1987, é homenageado, pela Estação Primeira de Mangueira, com o samba enredo campeão daquele ano, O Reino das Palavras.

No dia 5 de agosto daquele ano, morre a filha Maria Julieta, vítima de câncer. Menos de duas semanas depois, em 17 de agosto de 1987, Carlos Drummond de Andrade falece, deixando
cinco obras inéditas.

 Em 1995, foi lançada a home page Carlos Drummond de Andrade - Alguma poesia. Este projeto de reedição faz parte do início das comemorações do centenário de nascimento do poeta, que se dá em 2002.

2011 é marcado por um bem articulado relançamento da obra do poeta. O projeto nasce com a mudança da Editora Record, que se dedicou aos títulos de Drummond durante três décadas, para a Cia. das Letras. A primeira iniciativa é a criação do Dia D. o D de Drummond passa a marcar 31 de outubro, data de nascimento do autor, como dia do poeta.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Inteligência no ar: a entrevista com Ronie Von no Jornal Gente


Fotos da entrevista de Ronie Von ao Jornal Gente de sábado,
27 de outubro, extraídas do página do Facebook da Rádio Bandeirantes


Uma das características do rádio que prevalece nos dias de hoje é a instantaneidade. A informação é transmitida no momento em que acontece, muitas vezes com o auxílio precioso do ouvinte. Isto é fascinante e não deixa dúvida de que o rádio é o meio de comunicação mais ágil de todos.

Mas acredito que falte dosar um pouco melhor esse aspecto de prestação de serviço e de informação o tempo todo com conteúdos mais leves. Aliás, antes de continuar, é bom ressaltar que me refiro neste post mais especificamente ao radiojornalismo. Bem, como dizia, sinto falta de uma parada no ritmo alucinante das notícias na programação que vai ao ar de segunda a sexta. Não faz muito tempo, a partir das 10 da manhã, em geral, as emissoras exibiam entrevistas com personalidades artísticas, levavam ao ar música ao vivo no estúdio e outros formatos que tornavam o trânsito mais agradável.

Hoje, esse tipo de "válvula de escape" da realidade a que estamos submetidos perde espaço em prol dos giros das notícias mais importantes, que antes eram de hora em hora; passaram a ser de meia em meia hora há duas décadas; até que decidiram que em 20 minutos, tudo pode mudar; e agora, a cada quarto de hora, o mundo gira em nossas cabeças.

Mais uma parada para esclarecer que sou um ouvinte assíduo dessas emissoras. Acredito que o recurso da constante inserção de colunistas ajude a tornar mais interessante a engrenagem de cada uma delas, porém sinto falta de um tempo em que após um período dedicado a atualizar o ouvinte, havia um período de maior criatividade e produção, hoje restrito às manhãs de sábado. Ok, é o dia em que o rádio tem um número menor de ouvintes, mas que por outro lado dedicam maior atenção àquilo que ouvem, o que transforma esse o momento ideal para entrevistas inteligentes, quadros mais ousados, programas de variedades, grandes reportagens etc.

Nesse contexto, estou viciado nas entrevistas de sábado do Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes. Falei recentemente, por exemplo, da participação de Ricardo Boechat nesse espaço. Na sequência, um belo papo com Pedro Luiz Ronco e na semana passada foi a vez de Ronie Von. Reproduzo abaixo, texto e áudio originários do site da "rádio que tem opinião".

"O cantor, piloto de avião e apresentador de TV falou com Thays Freitas, Rafael Colombo e José Paulo de Andrade sobre a trajetória de sua carreira como cantor e de seus projetos atuais na TV em uma conversa divertida e cheia de lembranças".

Agora, clique aqui e ouça a entrevista na íntegra.

Obs: depois de algum tempo, os áudios ficam indisponíveis no site das emissoras. Se isto acontecer com algum conteúdo que você está acessando aqui no blog Peças Raras, avise a administração desse site no espaço dedicado aos comentários da respectiva postagem. Na medida do possível, buscaremos atualizar o conteúdo com áudio que está armazenado em nosso banco de dados próprio.





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Boechat fala sobre jornalismo e rádio na estreia de Thays Freitas no Jornal Gente

Nesse sábado, 13 de outubro, o Jornal Gente da Rádio Bandeirantes – na tradicional entrevista que leva ao ar todo final de semana – trouxe duas surpresas. A primeira delas foi a presença do âncora da Bandnews FM e do Jornal da Band na TV, Ricardo Eugênio Boechat. A outra, a estreia de Thays Freitas (apresentadora do Jornal em Três Tempos, ao lado de Paulo Galvão) na bancada do tradicional jornal das 8 da manhã. Como lembrado por alguns ouvintes, a presença feminina lembra a fase em que o programa contava com a participação de Maria Lydia ao lado dos titulares Salomão Ésper, José Paulo de Andrade e Joelmir Beting.

Na entrevista, Boechat discorre sobre assuntos polêmicos relacionados à política. Se você quiser ouvi-la na íntegra, acesse aqui.

Como o enfoque deste blog é o rádio e a comunicação, destaco a seguir o terceiro e derradeiro bloco do descontraído bate-papo, que foi conduzido também por Rafael Colombo. Ouça no player abaixo:


(se o player não estiver visível ou quiser baixar este áudio, clique aqui)

Neste ponto da conversa, Boechat aborda assuntos como: envolvimento com a fonte; a demissão dele do Jornal O Globo, em 2001; a cobrança do público para que assuma uma postura na TV igual a que tem no rádio (ele explica que a dinâmica e a paginação de um e de outro meio permitem comentários mais ligeiros ou “ilimitados”); e a identificação que tem hoje com o rádio como jamais teve com a mídia impressa ou televisiva.

O âncora das manhãs da Bandnews FM lembra também que diversas vezes dá o telefone pessoal no ar, a fim de que se atribua “fé pública” ao cidadão em detrimento da autoridade, já que é este que está nas ruas e vive a notícia. Dá um recado aos jornalistas que estão chegando agora: cada cidadão terá o papel de ser o difusor da história, restando aos comunicadores acrescentarem a esses fatos seus respectivos estilos pessoais.

Boechat conta ainda que procura responder a todos que mandam recados para o celular dele. Ao final da entrevista, Zé Paulo faz menção aos pensamentos norteadores do antropólogo e professor Edgard Roquette-Pinto e de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que passou pela Rádio Bandeirantes antes de se tornar o todo-poderoso da Rede Globo. Aproveitando o tema, o entrevistado conclui: “na televisão, você imprime seu rosto e no rádio, sua alma”.

Ouça mais:
- As edições na íntegra do Jornal Gente estão em formato de podcast, para que você ouça quando e onde quiser: http://www.radiobandeirantes.com.br/rss/xmls/jornalgente.xml

- Acompanhe aqui um debate "virtual" ou um diálogo improvável entre Boechat e Sarney, criado pelo podcast Peças Raras em 2009.

 


sábado, 6 de outubro de 2012

Interferência: Hebe, estrela que brilha!

Foto extraída do site Hebe na Web
O Interferência, quadro que produzo todo primeiro sábado do mês para o "Você é Curioso?", da Rádio Bandeirantes, homenageia Hebe Camargo e relembra da fase da artista no rádio.


Ouça o quadro, que reconstitui o programa Gente que Brilha, tradicional no rádio dos anos 50. Na sequência, de quebra, curta também o quadro Caçadores da Música Perdida, conduzido por Antonio Mier, também sobre a fase em que Hebe era mais cantora do que apresentadora.
(se o player não estiver visível, clique aqui para ouvir ou baixar)



Hebe Camargo se foi junto com um tempo em que eram comuns “amigos, tardes e petecas”. 

Recentemente, em texto sobre a telenovela no Brasil, o ator Lima Duarte escreveu sobre os amigos que se encontravam à tarde, no pátio da Rádio Tupi, no Sumaré em São Paulo. Corria o ano de 1948. Ele, Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Walter Forster, Heitor Andrade, Dionísio Azevedo, Ribeiro Filho e Osni Silva costumavam se reunir para jogar peteca, entre uma produção e outra, em um tempo em que o radioteatro era ao vivo e envolvia grandes elencos.

Mas a brincadeira da turma foi interrompida, diante do anúncio da construção da primeira emissora de TV da América Latina naquele terreno. 

Hebe estava no lugar certo, na hora certa. Não apenas como coadjuvante. Em 1949, ela integra o grupo que vai ao Porto de Santos buscar os equipamentos que tornariam possível a primeira transmissão de TV. No dia da inauguração, em 18 de setembro de 1950, no entanto, ela – que cantaria o Hino da Televisão – prefere acompanhar seu namorado em outro evento e é substituída por aquela que se torna sua melhor amiga, Lolita Rodrigues.

Mas Hebe queria mesmo é ser cantora e, já em 1943, com apenas 14 anos de idade, acompanha o pai, que vem a São Paulo integrar a Orquestra da Rádio Difusora. A estreia oficial, no entanto, acontece em 1944, quando imita Carmem Miranda no tradicional programa Clube do Papai Noel, atração que abria espaço para crianças demonstrarem seus talentos. Daí pra frente, forma o quarteto Dó-Ré-Mi-Fá e, em seguida, com a irmã Stella Monteiro, cria a dupla caipira Rosalinda e Florisbela. 

Ficaria consagrada como a estrelinha do samba e, mais tarde, como “a estrela de São Paulo”. Em paralelo à carreira de apresentadora, nunca deixou de cantar.

Uma história que começou a quase 70 anos. Durante todo esse tempo, Hebe não saiu de cena e brilhou no rádio e na TV até virar uma estrela verdadeira na manhã do último sábado, 29 de setembro. Para homenagear a rainha da TV brasileira, vamos interferir na programação do rádio dos anos 50 e trazer de volta a magia das rainhas da música daquele tempo.