quarta-feira, 23 de julho de 2014

Hoje Hélio Ribeiro completaria 79 anos neste dia 24 de julho


Às vezes, parece que Hélio Ribeiro e seu vozeirão ainda estão presentes no nosso dia a dia. Por meio do Memorial Hélio Ribeiro, temos acesso ao poder da mensagem e à visão sempre atual do eterno comunicador, que, neste dia 24, se estivesse vivo, completaria 79 anos. Para lembrar de Hélio Ribeiro, reproduzo a seguir texto do Memorial e um áudio muito pertinente ao momento atual da nossa seleção brasileira de futebol. Primeiro, ouça...

O Demônios da Garoa, conjunto recordista de longevidade, gravou a antológica e deliciosa composição de Vicente Amar, “Time perna de pau”, na década de 60: “Assim nosso time de futebol, vai mau / Nosso jogador são tudo / São 'tudo' uns 'perna de pau' / Só 'contratemo', quem 'num' sabe nem 'chutá' / Parecemos 'muié' de malandro / Só 'sabemo' é 'apanhá'. A culpa do desastre, no entanto, é toda dos 'diretô', que não deram aos jogadores 'assistência moral e material'."  Este é o verdadeiro hino dos times fracassados. Ouça - no player abaixo - a música e a voz de Hélio Ribeiro nessa apresentação feita pelo Memorial Hélio Ribeiro, que mostra Hélio Ribeiro com um pé no futuro, muito além do seu tempo.
Se o player não estiver visível, clique aqui para ouvir.


Nós do Memorial Hélio Ribeiro temos que:
-  " Quando Hélio Ribeiro produzia seus programas, inspirava-se nos acontecimentos do cotidiano para que, a cada edição, fosse escolhida por seus produtores a música certa, a tradução mais adequada ao momento. Ele, Hélio Ribeiro, garimpava frases e textos dos mais diferentes autores, das mais distintas e de toda e qualquer nacionalidade; muitos desses textos eram escritos pelos próprios ouvintes que lhe remetiam. Muitas vezes arrancava do peito improvisos com tal sentimento e nos brindava com uma a mensagem que "reverberava" em nosso subconsciente. Era  uma  lição que nos sugeria uma atitude positiva, a de pensar e refletir a respeito, frente ao fato em evidência.
Hoje, Hélio Ribeiro não está mais entre nós. (ou ...está? Porque um homem em sua existência não terá sido só um corpo consumido pela implacável Natureza, com o passar do tempo; depois de sua efêmera passagem pela Terra ele terá sido o saldo positivo  ou negativo, o conjunto de coisas que fez, das idéias que defendeu, das palavras que puderam ajudar um semelhante, contemporâneo seu, a encontrar o caminho)Mas Hélio Ribeiro foi além, além do seu tempo.

Através do acervo resgatado pelos voluntários do Memorial que leva o seu nome; acervo esse originado de pessoas que enquanto Hélio Ribeiro aqui esteve, se sentiram modificadas para melhor e que gravavam as mensagens que ouviam através das ondas do rádio, em seu programa “O PODER DA MENSAGEM”. Essas pessoas preservaram como verdadeiros tesouros esses áudios e também escritos que foram publicados em jornais e livros da época, para repassar a seus filhos, seus alunos, seus amigos, àqueles com quem convivessem enfim,  para ajudá-los a encontrar a melhor saída diante das questões impostas pela vida, assim como acontecera a eles próprios.

Hoje, os  membros do Memorial Hélio Ribeiro com o material recebido, recuperado e digitalizado, conseguem fazer com que a filosofia contida em cada mensagem, em cada música tocada, em cada tradução possa ser repassada ainda e agora, passado o tempo de Hélio Ribeiro.
Assim é que produzimos o áudio que está acima, falando a respeito do fato que mobilizou toda a mídia no mês que passou, “A Copa do Mundo no Brasil”, mostrando que Hélio Ribeiro tinha um pé no futuro, e continua vivo além de seu tempo."

Memorial Hélio Ribeiro

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A despedida de Rubem Alves em entrevista ao NET Educação


No dia 18 de junho de 2014, um mês antes de ir para um plano superior, Rubem Alves concedeu uma entrevista ao NET Educação. Sábio, ele saboreou até o fim as belezas desta vida. O Instituto Rubem Alves é o morango no abismo, nas palavras do eterno poeta. 
Ouça dois trechos da conversa, no player a despedida de Rubem Alves.



Singular Plural
Como escrever uma poesia dedicada a um poeta?
Será possível usar a mente para falar de quem pensava com a alma?
Rubem: singular. Alguém único, incomparável.
Alves: plural. Pensamentos que se espalham ao vento dos ipês amarelos e voam em pipas e pássaros livremente.
Um poeta só pode ser isso. Eternamente, singular plural.
E quando a alma do poeta alcança os céus, leva e eleva nossos pensamentos junto com ela. 


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Antiga Record: a voz da Revolução Constitucionalista de 32

Este post foi publicado originalmente em 2009. Devido aos 80 anos do evento, vale ler e ouvir de novo.

Em 11 de junho de 1931 entrou no ar a emissora que pouco tempo depois ficaria conhecida como a voz da revolução constitucionalista: a Rádio Record. Paulo Machado de Carvalho recebeu a proposta de Alvaro Liberato de Macedo, dono da casa de discos e da Rádio Record, para que adquirisse o até então pouco explorado veículo de comunicação. À época viviamos ainda o período das rádios clubes e sociedades, mantidas com as mensalidades dos associados, já que a propaganda não era permitida. Em São Paulo, havia apenas a pioneira Educadora Paulista.

Ouça o programa de hoje na íntegra.


Painel alusivo ao Movimento Constitucionalista,
nas dependências da Rádio Record.


Na revolução constitucionalista de 32, quando São Paulo se insurgiu contra o regime ditatorial de Vargas, a Record ganhou importância em todo o Brasil. O jovem César Ladeira, que havia chegado a pouco de Campinas, torna-se a principal voz daquele movimento armado que visava a derrubada de Getúlio Vargas. Tudo começou ainda em 31...

Por essa época, Ladeira, até então um jornalista do Correio da Tarde, experimenta a voz na Record. No dia seguinte, escreve o artigo "Se eu fosse speaker":

"Se eu fosse 'speaker' de alguma estação transmissora, chegaria junto ao microfone com a maior sem-cerimônia deste mundo, e diria simplesmente: Meus amigos... o 'speaker' não se deve limitar a repetir como uma maquina o que está no papel. Precisa ser um amigo das pessoas que o estão ouvindo. A sua saudação deve causar prazer, deve ser espontânea, de casa, que entra sem bater na porta, sem pedir licença, familiar, amiga:
-Olá, bom dia, como vai?
Conversar com o grande público invisível - eis o lema do 'speaker' de colarinho mole. 'Speaker' moderno. Da época. "

Em 1932, César Ladeira é a voz qu enão guarda distância do ouvinte e comanda a popularidade da emissora paulista. Reconhecido como o amigo de toda a gente, ele é o apresentador do primeiro programa de variedades do rádio paulistano

Quando as manifestações ganham força em 23 de maio de 32, a Rádio Record empresta seus microfones para a leitura de um manifesto do movimento estudantil. Naquela mesma noite, choques entre os manifestantes e os membros da Legião Revolucionária resultaram na morte dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O trágico desfecho se deu bem em frente à sede da Record, à Praça da República, 17. Do acontecimento surgiu a sigla MMDC, que passou a ser a bandeira do movimento.

No dia 9 de julho daquele ano de 1932, a revolução, que já vinha sendo articulada desde abril de 1931, teve início. A Record passa a levar ao ar mensagens patrióticas que representavam São Paulo contra o regime Getulista. Essas mensagens geralmente eram textos do poeta paulista Guilherme de Almeida.

Desde os primeiros instantes, a Record lidera a revolução. Em frente à sede da emissora, um alto-falante transmite os discursos inflamados de César Ladeira, Nicolau Tuma, Renato Macedo e Licínio Neves. O povo se reunia para ouvir os textos inflamados transmitidos por eles.

Em 11 de setembro, a Folha da Noite escreve:
"A Record está sonorizando a Revolução Constitucionalista. Não lhe basta fazer estremecer o microfone com a voz de César Ladeiar, o mestre sala da oratória bonita, que põe arrepios, às vezes, na gente. Não lhe basta. Sua ação se alonga. Dá um instrumental gostoso aos seus artistas. E os põe, ciganos fardados, nos palcos das cidades que as granadas atingem e a que se atiram os soldados que querem limpar seu suor e pensar suas feridas. E os põe nos coretos dos jardins, inchando hinos, incitando a marcha dos capacetes de aço".

A emissora que representava o governo na então capital federal, a Rádio Philips do Brasil, tenta quebrar a resistência paulista contrapondo seus discursos e anunciando que os rebeldes paulistas estavam recuando.

A voz da revolução, como passa a ser chamada a Record, repercute nas madrugadas cariocas em réplicas aos insultos da Philips e em boletins mimeografados espalhados por toda a capital federal com o teor da irradiação do dia anterior.

Ouça outra voz da revolução, o saudoso Nicolau Tuma, que em entrevista a Geraldo Nunes deu sua versão dos fatos no programa São Paulo de Todos os Tempos, da Rádio Eldorado...

A derrota e a rendição dos rebeldes constitucionalistas põem fim à guerra civil. O papel desempenhado pela Record, que logo foi acompanhada pelas outras emissoras paulistas: Cruzeiro do Sul e Educadora, confirma e potencializa o rádio como importante meio de comunicação de massa.

O jornalista Franklin Martins, antes de assumir o papel de homem forte da comunicação de Lula, em seu blog, afirma sobre a Revolução de 32: "Pelo menos até 1934, quando foram realizadas eleições para a Assembléia Constituinte e foi votada a nova Constituição, Vargas exerceu o poder de forma inteiramente discricionária – e somente rendeu-se à necessidade de consultar as urnas depois de o Brasil ter passado por uma curta guerra civil, com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932. O movimento desencadeado por São Paulo, embora derrotado militarmente, acabou inviabilizando em termos políticos a pretensão de Vargas de comandar sozinho o país desde o Palácio do Catete."

Para terminar, sugiro a audição da versão de Guerreiros Paulistas para "Paris Belfort", tema usado como marcha do movimento paulista nos discursos levados ao ar pela antiga Record.

Acompanhe outras edições do Bermuda Folgada, série de programas que foi ao ar pela Rádio Malaveia.



terça-feira, 8 de julho de 2014

Gol de Penalty: Gorduchinha é a bola do Brasil e um troféu a Osmar Santos



Ouça edições especiais com gols históricos narrados por Osmar Santos no podcast Peças Raras: http://pecasraras2.blogspot.com.br/2012/06/corinthians-x-santos-por-osmar-santos.html

domingo, 6 de julho de 2014


sábado, 5 de julho de 2014

Interferência - Ary Barroso, o homem da gaitinha

Ary Barroso é conhecido no mundo todo por sua música.
Mas em ano de Copa do Mundo o saudoso mineiro de Ubá também costuma ser lembrado por ter sido o inventor dos efeitos sonoros em transmissões esportivas.

Segundo o biógrafo Sérgio Cabral, autor de No Tempo de Ary Barroso, certa vez o saudoso compositor de Aquarela do Brasil, ao ouvir um jogo narrado por Gagliano Neto desligou o rádio certo de que a partida havia terminado empatada em 2 a 2 entre América e Botafogo. No dia seguinte, ao abrir o jornal, viu que tinha sido 3 a 2 para o Botafogo. Naquele momento, Ary percebeu que às vezes não se ouvia o grito de gol. Naquele tempo, não havia cabine de rádio nos estádios e o narrador ficava no meio da torcida. Como, nos anos 1930, entre as muitas funções que exercia no rádio, também narrava partidas de futebol, passa a buscar uma forma de marcar para o ouvinte a hora do gol. É esta história que você conhece melhor no Interferência, com Marcelo Duarte, Silvania Alves, Sérgio Miranda e Marcelo Abud no elenco.  Ouça no player abaixo. 


Se o player não estiver visível, clique aqui para ter acesso ao áudio.

Originalmente, a cena reconstituída nesse radioteatro foi ao ar no dia 1º de janeiro de 1950, inaugurando a programação especial para a Copa do Mundo daquele ano na Rádio Tupi, de Assis Chateaubriand. 

Para ouvir as edições anteriores do quadro Interferência, clique aqui