Em comemoração aos 75 anos de existência, a Rádio Bandeirantes lança 4 audiolivros inéditos com a história da mais popular equipe esportiva do país. A produção conta com roteiros de Adriana Cury e Marcelo Abud; pesquisa de Daniel Grecco; montagens: Everton Massei; narração de Sérgio Patrick. Cada edição, apresenta a relação entre um torcedor ilustre, o respectivo time do coração e a trajetória como ouvinte e profissional da emissora. São eles: Corinthians - Salomão Ésper; São Paulo - José Paulo de Andrade; Santos - Milton Neves; Palmeiras - Mauro Beting. A publicação é da editora Panda Books.
Clique aqui e ouça a edição especial do "Você é Curioso?", com integrantes do scratch do rádio no estúdio.
Serviço:
Lançamento da série de audiolivros Futebol é com a Rádio Bandeirantes
Presenças de José Paulo de Andrade, Mauro Beting, Milton Neves e Salomão Ésper
Sábado, 23 de junho de 2012, 18 h.
Saraiva do Shopping Morumbi
Entrada Franca
Abaixo, um texto em que relato minhas memórias com o futebol da Rádio Bandeirantes:
Depois da bola de meia durante o dia, o futebol rolava por inteiro à noite. A cada jogo do meu time, recolhia-me ao meu quarto, colocava o rádio de pilha embaixo do travesseiro e, ao ouvir a descrição lance a lance feita por Fiori Giglioti, imaginava os acontecimentos no gramado com precisão. Sem deixar de escanteio muita poesia e emoção. Até hoje desconfio quando dizem que rádio não tem imagem. Eu via e sentia tudo o que acontecia em campo.
O que eu não sabia nos meus tempos de menino, contudo, era que estávamos no 2º tempo dessa jornada esportiva. Naquele momento, futebol e Bandeirantes já eram sinônimos.
Talvez isto tenha começado duas décadas antes, em 1962. Então, vejamos. Imagine uma verdadeira multidão. Pense que milhares de pessoas olham todas para a mesma direção. Mais precisamente para um retângulo de grandes dimensões instalado em um painel. As atenções são captadas para aquele ponto mais alto. Considere o centro de São Paulo como cenário. A Praça da Sé de um tempo em que os bondes circulavam pela cidade. Estamos na final daquela Copa que se tornaria nosso bicampeonato mundial. Brasil e Tchecoslováquia se enfrentam em campo, no Chile. As mesmas emoções vividas pelos torcedores em Santiago são sentidas pela torcida brasileira reunida para ouvir a narração de Pedro Luiz e Edson Leite.
A “mais popular emissora paulista” construíra um painel cheio de lâmpadas para reproduzir a posição da bola nos jogos da nossa seleção. A narração traduzia com perfeição a posição da bola no gramado. Feito um teatro, em que o elenco ensaia cada passo, um dia antes, o mestre Pedro Luiz simulava a irradiação do jogo.
Vamos voltar um pouco mais nessa história. Chegamos agora ao que possivelmente foi o 1º tempo da tabelinha campeã entre futebol e Bandeirantes. Em 1958, a emissora havia feito história com sua Cadeia Verde Amarela, uma jogada de craque do então diretor artístico e comercial, Edson Leite. É ele que faz o meio campo para trazer Pedro Luiz e Mário Moraes para o scratch do rádio. De Norte a Sul, os jogos da seleção canarinho são retransmitidos por 400 emissoras, garantindo cerca de 90% de audiência à Bandeirantes.
“O teeempo passa”. Na década de 1970, Fiori Giglioti se torna definitivamente o locutor da torcida brasileira. Era pela voz dele que “abriam-se as cortinas e começava o espetáculo”. Fiori parecia ter a capacidade de levar o torcedor para dentro do campo, mas, na verdade, era o torcedor que tinha a companhia do “moço que veio de Lins” a todo momento. Nessa época, o rádio diminuíra de tamanho. Agora, acompanhava a torcida brasileira onde quer que ela estivesse, inclusive na arquibancada. Lembro-me da primeira vez que fui a um estádio com meu pai. Achei incrível. Não importava o que acontecia no campo, o torcedor só acreditava no que via, depois de confirmar o que o rádio tinha a dizer sobre o lance. E pelo rádio, a voz de Fiori ecoava por todos os cantos.
A televisão já transmitia futebol ao vivo, mas o rádio continua imbatível. Naquela copa de 82, em que o Brasil teve uma de suas mais fascinantes seleções, aprendi com meu pai como o jogo na TV poderia permanecer transmitindo emoção. Bastava selecionar o canal que tivesse a imagem mais limpa e ligar o aparelho de som no áudio puro da Rádio Bandeirantes. Fiori era o titular absoluto, posição que manteve por muitas copas. Atualmente, esta liderança é de José Silvério. É o 3º Tempo da Rádio Bandeirantes. Tempo em que Milton Neves, Silvério, Ulisses Costa, José Maia, Mauro Beting, Zaidan e uma seleção dos melhores profissionais fazem dessa a mais incrível equipe do rádio. Na Bandeirantes de ontem, hoje e de amanhã, seja qual for o resultado, o ouvinte sempre sai ganhando.
E quando meu time entra em campo, volto a ser aquele menino de outrora. A bola de meia substitui pela de plástico, que agora jogo com meu filho. O futebol, no entanto, continuo a ouvir em meu rádio de pilha, que se acomoda embaixo do travesseiro e me faz visualizar cada lance com a emoção que só o rádio, ou melhor, A Rádio tem.
Mauro Beting, Salomão Ésper e José Paulo no lançamento da série, em 05 de maio, no Museu do Futebol. Foto: André Rizzatto/Assessoria Bandeirantes |
Clique aqui e ouça a edição especial do "Você é Curioso?", com integrantes do scratch do rádio no estúdio.
Serviço:
Lançamento da série de audiolivros Futebol é com a Rádio Bandeirantes
Presenças de José Paulo de Andrade, Mauro Beting, Milton Neves e Salomão Ésper
Sábado, 23 de junho de 2012, 18 h.
Saraiva do Shopping Morumbi
Entrada Franca
Abaixo, um texto em que relato minhas memórias com o futebol da Rádio Bandeirantes:
Bola de meia, futebol por inteiro
Tive a felicidade de viver uma época em que jogar futebol com bola de meia era comum. Ir à escola, diversão garantida. Na hora do recreio, ficava no gol e, modéstia à parte, fazia defesas que mereciam replay. Ou Melhor, deveriam ser narradas por um speaker que desse o devido realce àquele lance imbatível. Um que dissesse na hora em que o balão estivesse subindo e descendo em direção à meta, agueeeeenta coração, no momento em que eu espalmasse e mandasse para escanteio. Depois da bola de meia durante o dia, o futebol rolava por inteiro à noite. A cada jogo do meu time, recolhia-me ao meu quarto, colocava o rádio de pilha embaixo do travesseiro e, ao ouvir a descrição lance a lance feita por Fiori Giglioti, imaginava os acontecimentos no gramado com precisão. Sem deixar de escanteio muita poesia e emoção. Até hoje desconfio quando dizem que rádio não tem imagem. Eu via e sentia tudo o que acontecia em campo.
O que eu não sabia nos meus tempos de menino, contudo, era que estávamos no 2º tempo dessa jornada esportiva. Naquele momento, futebol e Bandeirantes já eram sinônimos.
Talvez isto tenha começado duas décadas antes, em 1962. Então, vejamos. Imagine uma verdadeira multidão. Pense que milhares de pessoas olham todas para a mesma direção. Mais precisamente para um retângulo de grandes dimensões instalado em um painel. As atenções são captadas para aquele ponto mais alto. Considere o centro de São Paulo como cenário. A Praça da Sé de um tempo em que os bondes circulavam pela cidade. Estamos na final daquela Copa que se tornaria nosso bicampeonato mundial. Brasil e Tchecoslováquia se enfrentam em campo, no Chile. As mesmas emoções vividas pelos torcedores em Santiago são sentidas pela torcida brasileira reunida para ouvir a narração de Pedro Luiz e Edson Leite.
A “mais popular emissora paulista” construíra um painel cheio de lâmpadas para reproduzir a posição da bola nos jogos da nossa seleção. A narração traduzia com perfeição a posição da bola no gramado. Feito um teatro, em que o elenco ensaia cada passo, um dia antes, o mestre Pedro Luiz simulava a irradiação do jogo.
Vamos voltar um pouco mais nessa história. Chegamos agora ao que possivelmente foi o 1º tempo da tabelinha campeã entre futebol e Bandeirantes. Em 1958, a emissora havia feito história com sua Cadeia Verde Amarela, uma jogada de craque do então diretor artístico e comercial, Edson Leite. É ele que faz o meio campo para trazer Pedro Luiz e Mário Moraes para o scratch do rádio. De Norte a Sul, os jogos da seleção canarinho são retransmitidos por 400 emissoras, garantindo cerca de 90% de audiência à Bandeirantes.
“O teeempo passa”. Na década de 1970, Fiori Giglioti se torna definitivamente o locutor da torcida brasileira. Era pela voz dele que “abriam-se as cortinas e começava o espetáculo”. Fiori parecia ter a capacidade de levar o torcedor para dentro do campo, mas, na verdade, era o torcedor que tinha a companhia do “moço que veio de Lins” a todo momento. Nessa época, o rádio diminuíra de tamanho. Agora, acompanhava a torcida brasileira onde quer que ela estivesse, inclusive na arquibancada. Lembro-me da primeira vez que fui a um estádio com meu pai. Achei incrível. Não importava o que acontecia no campo, o torcedor só acreditava no que via, depois de confirmar o que o rádio tinha a dizer sobre o lance. E pelo rádio, a voz de Fiori ecoava por todos os cantos.
A televisão já transmitia futebol ao vivo, mas o rádio continua imbatível. Naquela copa de 82, em que o Brasil teve uma de suas mais fascinantes seleções, aprendi com meu pai como o jogo na TV poderia permanecer transmitindo emoção. Bastava selecionar o canal que tivesse a imagem mais limpa e ligar o aparelho de som no áudio puro da Rádio Bandeirantes. Fiori era o titular absoluto, posição que manteve por muitas copas. Atualmente, esta liderança é de José Silvério. É o 3º Tempo da Rádio Bandeirantes. Tempo em que Milton Neves, Silvério, Ulisses Costa, José Maia, Mauro Beting, Zaidan e uma seleção dos melhores profissionais fazem dessa a mais incrível equipe do rádio. Na Bandeirantes de ontem, hoje e de amanhã, seja qual for o resultado, o ouvinte sempre sai ganhando.
E quando meu time entra em campo, volto a ser aquele menino de outrora. A bola de meia substitui pela de plástico, que agora jogo com meu filho. O futebol, no entanto, continuo a ouvir em meu rádio de pilha, que se acomoda embaixo do travesseiro e me faz visualizar cada lance com a emoção que só o rádio, ou melhor, A Rádio tem.