Faz tempo que literalmente sonho em rever um comercial que marcou muito o momento em que entrei na faculdade. Trata-se de uma peça feita para TV utilizando a metalinguagem. Nela, Chico Anysio, que foi o responsável por introduzir o videotape de maneira original na TV brasileira* emociona ao falar das funções de um aparelho de videocassete relacionadas aos sonhos que tinha de controlar os momentos de sua vida. Finalmente, o sonho de me emocionar novamente com o texto de Marcos César, que foi redator de programas do saudoso humorista, para comercial comemorativo dos 30 anos da Sharp, se realiza. Alguuém o gravou em um dos escassos videocassetes que havia no Brasil na época e agora ele está disponível no Youtube. Emocione-se também:
O texto do comercial:
"O meu sonho na vida era ter o poder de ser um videocassete de mim mesmo. Ter o controle remoto que me permitisse renascer experiências vividas. Eu poderia voltar no tempo, acelerar, pular cenas dos próximos capítulos, parar a imagem num momento que me tivesse sido glorioso, vivê-lo outra vez. Talvez, eternizar um orgasmo. Eu poderia correr a fita de modo a entrar na percepção do futuro ou recuar para consertar, corrigir, para confirmar. Com esse aparelhinho, eu poderia criar o ideal. Ah, o ideal... O ideal seria que o Homem nascesse com 80 anos, fosse ficando mais moço, mais moço, até morrer de infância! Nascendo com 80 anos, ele – com 60 – se casaria com uma mulher de 59, mas com uma vantagem: a cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano, ela iria ficando cada vez mais nova, mais nova, até se transformar numa gata de 20! Depois ficariam noivos, namorados, a bicicleta, o velocípede... Desaprendiam a andar, esqueciam como engatinhar, o voador, o cercadinho... Do cercadinho pro berço, as fraldas molhadas, o peito da mãe. Até que, num dia qualquer, pararia de chorar. Seria o tempo voltando pra trás, até aparecer o último homem, Adão. O último primeiro. A quem Deus colocaria sobre a mão e, ao invés de soprar sobre ele, Deus inspiraria o Homem outra vez, pra dentro de Si mesmo..."
Esse texto aproxima ainda mais o gênio do humor mundial e responsável por uma linguagem única no cinema, Charles Chaplin, do nome maior do gênero no Brasil e inventor de um estilo próprio de fazer TV, Chico Anysio. Há muito circula também um texto atribuído ao eterno Carlitos, que parece ter sido a fonte de inspiração desse institucional de 30 anos da Sharp. Leia e tire suas próprias conclusões:
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
* Apesar de haver controvérsias, há vários estudos que apontam o Chico Anysio Show como o primeiro programa a ser editado em videotape. A atração estreou na TV Rio, em março de 1960. Se a experiência já havia se dado antes, Chico revolucionou ao utilizar a então incipiente tecnologia para fazer algo antes só imaginável no rádio: o ator interpretando vários personagens em uma mesma cena.
O texto do comercial:
"O meu sonho na vida era ter o poder de ser um videocassete de mim mesmo. Ter o controle remoto que me permitisse renascer experiências vividas. Eu poderia voltar no tempo, acelerar, pular cenas dos próximos capítulos, parar a imagem num momento que me tivesse sido glorioso, vivê-lo outra vez. Talvez, eternizar um orgasmo. Eu poderia correr a fita de modo a entrar na percepção do futuro ou recuar para consertar, corrigir, para confirmar. Com esse aparelhinho, eu poderia criar o ideal. Ah, o ideal... O ideal seria que o Homem nascesse com 80 anos, fosse ficando mais moço, mais moço, até morrer de infância! Nascendo com 80 anos, ele – com 60 – se casaria com uma mulher de 59, mas com uma vantagem: a cada dia, a cada semana, a cada mês, a cada ano, ela iria ficando cada vez mais nova, mais nova, até se transformar numa gata de 20! Depois ficariam noivos, namorados, a bicicleta, o velocípede... Desaprendiam a andar, esqueciam como engatinhar, o voador, o cercadinho... Do cercadinho pro berço, as fraldas molhadas, o peito da mãe. Até que, num dia qualquer, pararia de chorar. Seria o tempo voltando pra trás, até aparecer o último homem, Adão. O último primeiro. A quem Deus colocaria sobre a mão e, ao invés de soprar sobre ele, Deus inspiraria o Homem outra vez, pra dentro de Si mesmo..."
Esse texto aproxima ainda mais o gênio do humor mundial e responsável por uma linguagem única no cinema, Charles Chaplin, do nome maior do gênero no Brasil e inventor de um estilo próprio de fazer TV, Chico Anysio. Há muito circula também um texto atribuído ao eterno Carlitos, que parece ter sido a fonte de inspiração desse institucional de 30 anos da Sharp. Leia e tire suas próprias conclusões:
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"
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* Apesar de haver controvérsias, há vários estudos que apontam o Chico Anysio Show como o primeiro programa a ser editado em videotape. A atração estreou na TV Rio, em março de 1960. Se a experiência já havia se dado antes, Chico revolucionou ao utilizar a então incipiente tecnologia para fazer algo antes só imaginável no rádio: o ator interpretando vários personagens em uma mesma cena.